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BREVE HISTÓRICO DA FÁBRICA VENERANDO

Na década de 1870 começou a ser discutido em São João Del Rei a possibilidade de chegada à cidade de uma via férrea que permitisse a ligação entre o município mineiro e a corte real. Nas décadas decorrentes de sua inauguração, em 1881, uma grande quantidade de imigrantes espanhóis chegavam à região de Campo Belo, dentre eles Constantino Moreira Garcia e sua família. Constantino, carpinteiro e marceneiro, iniciou sua vida no Brasil devido ao trabalho realizado em carpintaria possibilitado pelo desenvolvimento que a estrada férrea do oeste de Minas Gerais trouxe a região.

Constantino se instala na cidade de Campo Belo, e um pintor em visita a cidade descobre o talento para a pintura de seu filho, Venerando Moreira Garcia, na época com 12 anos de idade. Ao ser convidado pra trabalhar como pintor nos arredores de São João Del Rei, Venerando sai de casa, retornando a Campo Belo apenas pra visitar os pais, sendo este o início de sua carreira.

Depois de anos de trabalho árduo e empreendimentos diversificados, dentre eles um posto de gasolina e um ferro velho, Venerando descobre seu talento pra garimpar antiguidades. John Somers, nascido na Inglaterra em 1930 e precursor da indústria de estanho (pewter) no Brasil, cita Venerando em um de seus registros.

“Na minha atividade na Inglaterra eu tinha aprendido tcheco, e em consequência tive muitos amigos tchecos, quando cheguei ao Brasil. Um deles viajava no interior, vendendo brocas de aço para mineradores. Eu sugeri que ele procurasse alguns antiquários naquela Minas. Dito feito, ele trouxe umas fotos do depósito do grande ‘caballero’ galhego Venerando Garcia. Na mesma noite viajei pra São João del-Rei e, no dia seguinte, comprei uma grande quantidade de antiguidades, de uma só vez, do Venerando. Lembro-me de descobrir no meio das ferragens do Sr. Venerando uma lâmpada, ou castiçal, de ferro da Alemanha, c. 1450. Como, em Minas Gerais de 1700? Lembro-me de uma pinça de três dedos que joguei fora, achando que era uma bugiganga moderna de pegar gelo ou azeitonas. Muitos anos depois percebi que era um utensílio raríssimo de cirurgião, para retirar bala redonda de ferida.”

John Somers conta que, impulsionado por Venerando, descobriu São João Del Rei, lá fincou raiz e montou sua empresa de estanho, iniciando a produção em 1968.

Em 1960, Venerando monta a primeira loja de antiguidades da região, com uma oficina nos fundos para restauro dos móveis e objetos garimpados em suas andanças pelo interior do Brasil.

O negócio cresceu, levando Venerando a abrir a primeira fábrica de réplicas de antiguidades em Santa Cruz de Minas, que então ainda pertencia a Tiradentes.

A expansão para Tiradentes começa a partir daí, percebida claramente pelo potencial da região no uso da madeira de demolição, utilizando madeiras nobres de forma racional e sem agressões ao meio-ambiente. Com 21 anos, Elvio Garcia, filho mais novo de Venerando, aprende o ofício da marcenaria, trabalhando em conjunto e posteriormente dando continuidade ao trabalho de seu pai, que falece em 1990.

Elvio Garcia permanece fazendo principalmente réplicas de antiguidades, porém com uma veia mais empreendedora, criando uma nova linha de móveis. Mais de trezentos modelos foram criados, muitos deles usando a herança histórica vinda de Venerando.

Hoje, centenas de pessoas fazem trabalho de marcenaria na cidade de Tiradentes e região, muitos desses que aprenderam o ofício com Elvio Garcia, dando impulso cada vez maior a economia moveleira consagrada na região.

TIRADENTES- MG- BRASIL

 
 
 
 
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